21 de abr. de 2014

Meu melhor amigo

O meu melhor amigo morreu numa tarde triste de sexta-feira.
O sol ainda era quente e o calor era intenso. Morreu de um jeito cruel. Vítima de um sistema político e religioso que não sabia entender que Deus prefere os miseráveis. Morreu porque amou demais; morreu porque não sabia mentir.
O meu melhor amigo não sabia ser indiferente. Viveu o tempo todo recolhendo os que estavam caídos e desacreditados. Ele foi um ser humano inesquecível. Entrava em lugares proibidos e dormia na casa de pessoas abomináveis. Trocou santos por Zaqueu, doutores por Mateus. Não se preocupava com o que os outros estavam achando dele, mas ocupava-se de sua vida como se cada instante vivido fosse o último.
Meu melhor amigo tinha o poder de ser irreverente. Ele olhava nos olhos dos fracassados e lhes restituía a coragem perdida. Segurava nas mãos dos cansados e os convencia que ainda lhes restavam forças para chegar.

O meu melhor amigo era desconcertante. Tinha o dom de confundir os sábios e encantar os simples. Eu, certa vez, também me encantei com ele. Chegou num dia em que eu não sei dizer qual foi. Chegou numa hora em que não sei precisar. Sei que chegou, sei que veio. Entrou pela porta da minha vida e nunca mais o deixei sair. Somos íntimos. Minha fala está presa à dele. Eu o admiro tanto que acabo tendo a pretensão de querer ser como ele. Já me peguei cantando para ele os versos de Tom Jobim: “Não há você sem mim e eu não existo sem você!” Ele sorri quando eu canto.

Meu melhor amigo me ensina a ser humano. Ele me ensina que a vida é uma orquestra linda, mas dói. Ele me ensina a apreciar os acordes tristes... e aí dói menos. A beleza distrai a tristeza. Foi assim que eu assisti à sua morte na Sexta-feira Santa. Eu sabia que era passageira. Era apenas um interlúdio feito de acordes menores, dilacerantes de tão tristes. Meu amigo não sabe ser morto. Ele gosta é de ser vivo, vivente! E é assim que eu entendo a dinâmica da Ressurreição. Quando digo: “Ele está no meio de nós!” eu estou convidando o meu amigo a ser vivo através de mim. Quem ama, de verdade, leva sempre a criatura amada por onde vai. E é assim que o amor vai se tornando concreto no meio de nós. É assim que a vida vai ficando eterna... e a gente vai ressuscitando aos poucos...

Hoje, eu acordei mais feliz. Nada de especial me aconteceu. Apenas me recordei de que meu melhor amigo ainda acredita em mim, apesar de tudo. Eu sou um legítimo representante de sua ressurreição no mundo. Não posso me esquecer idisso. As pessoas olham para mim... eu espero que elas não me vejam... eu espero que vejam o meu melhor amigo, em mim.

Recebi este texto e repasso a você, desejando que o Cristo ressucitado possa habitar em sua vida.
Abraço e feliz páscoa!!!


14 de abr. de 2014

15 minutos

Hoje na Missa, no momento do ofertório, perguntei a Jesus o que na minha vida eu poderia lhe ofertar. Mas que me pedisse algo que eu pudesse ofertar. De cabeça baixa fito os olhos no meu relógio, e senti como que Deus apontasse para meu relógio. Disse a Deus que não entendi. Mas depois senti claramente que Ele queria o pouco do meu tempo, da minha atenção, que  desse pelo menos 15 minutos do dia pra Ele. Na verdade eu receberia e não eu que "daria" pra Deus. 15 minutos que fará grande diferença em minha vida, em nossas vidas. Seria um encontro rápido mas com qualidade, um tempo só para mim e Deus. Uma  conversa , uma escuta, um deserto, um momento espiritual que nos preenchera de paz, um momento de desabafo das nossas inquietações diárias. Um momento onde apresentaremos a Deus nossas preocupações , nossos medos, fraquezas e Com certeza Deus nos respondera com paz, coragem e Misericórdia.

Fazendo esse exercício diário, nascera uma sede dentro de nos de querer ficar um pouco mais de tempo,  15 minutos será pequeno.

Uma semana santa de reflexão.